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04/03/2014

Musíca Espírita? Ou Espiritismo e sua influência sobre a arte humana?


Existe música espírita?

                    Recentemente, acabei participando de uma discussão que não deveria, pelo Face book, falava sobre um grupo musical de uma casa Espírita, questões como por exemplo: É correto cantar musicas de outras doutrinas ou mesmo populares dentro da casa Espírita?estava eu acompanhando a tal discussão, quando em determinado ponto, resolvi dar minha opinião. Oras, porque dei minha opinião? Simplesmente porque era uma discussão pública. Imagino que um amigo meu ( eu não teria coragem), diria mais ou menos assim, sem ser politicamente correto: ``O Facebbok é igual casa de Puta, ali pode haver um ambiente muito ético, como não, e, a partir do momento em que se coloca uma postagem aberta, principalmente em forma de critica ou descontentamento, da o direito de qualquer um dar pitacos, fazer gracejos ou reprimir uma ideia, e não adianta ficar nervosinho, pois se quer privacidade, converse em Off, convide seus desafetos para uma reunião, um cafezinho ou qualquer outro meio, privado´´.
                    Resumidamente, eu disse: ``Não existe música Espírita e sim música de cunho moral´´ , citei inclusive a musica ``O sal da terra de Beto Guedes´´, e, isso à, em todas doutrinas e áreas artísticas. A partir desse momento, percebi que a conversa mudou de rumo e como diz nosso amigo Marcos Milani, ficou claro a questão do Analfabetismo Funcional no meio espírita ou pior ainda enfatizar algo sabendo que seu conteúdo não afirma isso em favor do próprio gosto, o que infelizmente caracteriza o sofisma, por mais dura que pareça tal palavra.
                   Vamos refletir, então sobre o que diz Kardec nas obras básicas sobre música.
- Começando nossa busca pelo Livro dos Espíritos, temos:
251. São sensíveis à música os Espíritos? -----> “Aludes à música terrena? Que é ela comparada à música celeste? a esta harmonia de que nada na Terra vos pode dar idéia? Uma está para a outra como o canto do selvagem para uma doce melodia. Não obstante, Espíritos vulgares podem experimentar certo prazer em ouvir a vossa música, por lhes não ser dado ainda compreenderem outra mais sublime. A música possui infinitos encantos para os Espíritos, por terem eles muito desenvolvidas as qualidades sensitivas. Refiro-me à música celeste, que é tudo o que de mais belo e delicado pode a imaginação espiritual conceber´´.
                   Fica bem claro que, em nada se assemelha a música celestial, que fazemos em, Casas Espíritas, Igrejas Católicas, Evangélicas, Tendas de Umbanda, etc, e, por melhor intensão que se possa ter ao compor ou cantar determinadas músicas estaremos, no máximo na condição citada na resposta, como espíritos vulgares que podem experimentar certo prazer em ouvir tais músicas. Mesmo porque, temos ainda grande incapacidade de nos manter em sintonia elevada. Agora quando estamos falando em vulgaridade, estamos nos referindo a que? Afinal a resposta dada pelos espíritos, pode estar se referindo a musica terrena em geral, que busca sensibilizar aos espíritos, que para mim podem ser desencarnados como encarnados.
                   Em nossa condição espiritual, sem saber exatamente o que é belo, sem ter ainda, e isso é uma possibilidade, experimentado algum tipo de vivência terrena envolvido com a arte, muito pouco temos a nos expressar, além de um rudimentar apreço, pela arte.
- Na sequência em O Céu e o Inferno, temos uma passagem interessante:
[…]``Uma comparação vulgar fará compreender melhor esta situação. Se se encontrarem em um concerto dois homens,
um, bom músico, de ouvido educado, e outro, desconhecedor da música, de sentido auditivo pouco delicado, o primeiro
experimentará sensação de felicidade, enquanto o segundo permanecerá insensível, porque um compreende e percebe
o que nenhuma impressão produz no outro. Assim sucede quanto a todos os gozos dos Espíritos, que estão na razão
da sua sensibilidade.
O mundo espiritual tem esplendores por toda parte, harmonias, e sensações que os Espíritos inferiores, submetidos à influência da matéria, não entreveem sequer, e que somente são acessíveis aos Espíritos purificados.´´  KARDEC, (O céu, Capitulo III, item 6)
                   Ao pensarmos assim, vamos começar a entender também que, o espírito em evolução busca a felicidade segundo seu interesse, e o que é bom, prazeroso para alguns, em outros nem de muito longe toca a sensibilidade, ou se tocar, pode ser devido à alguma variação de gênero, por exemplo no caso da música, alguns podem se sentir leves ou intimamente ligados a Deus ao ouvir uma harpa e outros ao som de uma guitarra, conta-se muito ai a intensidade de seu desejo e qual seu direcionamento, porém, é um grau de percepção.

                    Continuando nossa busca pelo esclarecimento, chegamos a uma das principais bases de apoio para a afirmativa, que Kardec em Obras Póstumas, tem até um artigo intitulado ``Música Espírita´´, e é sobre ele que iremos conversar a partir de agora, para que não se desvie tanto do assunto de forma generalizada.
                    Assim, inicia Kardec, expondo as palavras de, Nevar, no referido artigo: ``Recentemente, na sede da Sociedade Espírita de Paris, o presidente me deu a honra de pedir a minha opinião sobre o estado atual da música e sobre as modificações que lhe poderiam advir por influência das crenças espíritas.´´ KARDEC, (Obras Póstumas, Música Espírita) ( o realce foi meu)
                    Logo de inicio, Nevar, deixa claro que a proposta da analise, seria a edificação moral do ser humano, bem como sua influência nas artes em geral, neste caso é especifica a atenção, à música. Independente de sentir-se preparado para tal empreitada ou não, o que seria feito posteriormente com muita coerência. É fato que a influência moral do ser humano sendo ou não espírita, é o fator principal da melhoria das composições e harmonização de sentimentos, proporcionados pela musica. Conforme o texto, a harmonia é difícil de ser interpretada e geralmente é confundida com, […]``a música, com os sons, como resultante de um arranjo de notas e das vibrações dos instrumentos que reproduzem esse arranjo´´[…], nesse caso, harmonia não seria nossos sentimentos atuais de acordo com nossa percepção, pode ser um germe aflorando, o que não é de todo perdido, desde que nosso sentimento tenha um direcionamento, menos fútil.
                    Mas a questão principal é, que, quando tomados pela influência de harmonias celestes, entramos como que em um transe, voltamos nossos sentidos para o intimo e invariavelmente motivados pelo desconhecido apelamos a prece e aos bons sentimentos que surgem, porém, ao encerrarmos o contato com tal música, voltamos a nós mesmos, ou dormimos novamente conforme, ``Tal harmonia, que choca um Espírito de percepções sutis, encanta um outro de percepções grosseiras e, quando é dado ao Espírito inferior deleitar-se com os encantos das harmonias superiores, o êxtase o arrebata e a prece lhe penetra o íntimo. O encantamento o transporta às elevadas esferas do mundo moral; ele entra a viver uma vida superior à sua e assim desejara continuar a viver para sempre. Mas, desde que a harmonia deixe de penetrá-lo, ele desperta, ou, se o preferirem, adormece. Em todo caso, volta à realidade da sua situação e, dos lamentos que lhe escapam por haver descido, se exala uma prece ao Eterno, a pedir-lhe forças para de novo subir. Aí tem ele um grande motivo de emulação.´´
                    Pautado nessa questão de despertar consciências de acordo suas aptidões, sou a favor de eventos musicais em casas espíritas, desde que não sejam impostas e se tornem enfadonhas. Afinal eventos executados a parte facilitam o ingresso de afins. A menos que tais músicas com ``temática´´, espírita tenha fundamento, pedagógico, ou seja musicas que abordam reencarnação por exemplo, de forma lúdica, envolvem quem esteja motivado a isso, de forma que o conceito sobre o assunto seja melhor assimilado.
                    Temos assim então, ``O Espiritismo, com o moralizar os homens, exercerá, pois, grande influência sobre a música. Produzirá mais compositores virtuosos, que transfundirão suas virtudes ao fazerem ouvidas suas composições.´´
                    Depois de repassar todo o texto fica claro que, não se trata de criar música espírita, mas como seres humanos melhorar nossa qualidade de sentimentos e em consequência, criar um pálido reflexo da harmonia proposta em forma de música. E isso se estenderá a todos os campos das artes como das ciências, onde o homem excluirá de sua convivência coisas frívolas e licenciosas, conforme, ``Por outro lado, os ouvintes que o Espiritismo dispuser a receber facilmente a harmonia gozarão, ouvindo a música séria, de verdadeiro encanto; desprezarão a música frívola e licenciosa, que seduz as massas.´´
                    Assim concluo que, a música que é feita dentro da seara espírita, nada mais é, do que uma forma pedagógica, para assimilação de conteúdos doutrinários, um jogo lúdico, necessário como recurso de aprendizagem para a criança espiritual que ainda somos.
                    Esse tipo de música, não alcança exatamente, aquilo que deseja o meio espírita, pois o ludicismo, inferido nas músicas, trás conceitos sobre, mediunidade, reforma moral, filosofia e até ciência, muito aquém da necessidade de alcançar paz, pois paz se alcança com o exercício de conceitos básicos. Como sempre é de dentro para fora, e não o contrário que alcançamos a tão desejada paz.

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